quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um transporte chamado Eléctrico



A primeira linha de transporte público do Porto foi inaugurada a 15 de Março de 1872, e ligava as zonas do Infante e do Carmo à Foz do Douro tendo sido construída pela Companhia Carril Americano do Porto. Os veículos utilizados, chamados de carros Americanos, eram carruagens que rodavam em carris puxadas por animais, normalmente cavalos ou muares. A velocidade que atingiam os Americanos era superior às das carroças até então utilizadas, e o caminho que percorriam estava predefinido pelos carris, diminuindo os acidentes por atropelamento.  Segundo Monterey (1971) estes carros eram pintados de cores diferentes e iluminados por velas de estearina, colocadas nos cantos superiores direitos, vindo mais tarde a ser usado o petróleo na sua iluminação. No período da noite a luz transparecia através de vidros de diferente colorido, de acordo com o seu destino. De dia, o destino ia indicado numa chapa. A cidade do Porto foi a primeira cidade portuguesa a ter este tipo de transporte público e a adesão da população a este novo meio de transporte foi rápida. No entanto, no inicio houve alguma desconfiança, como nos descreve Fialho de Almeida: esta imensa máquina que era uma aplicação da nau de Vasco da Gama ao trânsito das ruas movia-se sobre quatro pequeninas rodas, puxadas por uns franzinos cavalos (…). Antes de se aventurarem lá em cima, muitas pessoas deixavam testamento feito. A 12 de Setembro de 1894 foi inaugurada a primeira linha de Carros de Tracção Eléctrica, ligando o Carmo a Massarelos. O eléctrico passou a fazer parte da vida dos portuenses  e tornou-se  o sal das histórias picantes, a doçura das afeições da gente comum, o vinagre do azedume dos que sofriam a sua ronceirice, os seus atrasos e incómodos, a poesia de quem se deleitava com as oportunidades do romance de algumas viagens (Pacheco, 1995).
Ainda hoje os podemos ver passeando pelas zonas históricas da cidade, contando aos turistas que transporta, histórias de tempos idos. Manuel de Oliveira prestou-lhes uma pequena homenagem neste pequeno filme datado de 1956. 


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