Quando se viaja em Portugal, para qualquer lado que se voltem os olhos, sente-se uma impressão de profunda tristeza ao ver o abandono em que tudo jaz, o pouco ou nada que se tem feito, em relação à marcha constante da civilização (...). À saída da cidade (...) acha-se uma rampa calçada de pedra com todos os indícios de que vai ali principiar uma estrada (...). Depois o viajante que percorre estas quase ignoradas paisagens tem de atravessar um lameiro (...) entra-se em seguida num rio , o qual corre mais de uma milha no leito da estrada (...) mais adiante outra estrumeira, outro lameiro e outro rio (...) e para variar muitos atoleiros ou olhos marinhos, onde se pode sumir um porco, e onde não é raro sumirem-se as pernas de um cavaleiro e a barriga do cavalo ou de um macho, que nem sempre se pode retirar depois sem auxilio (Panorama,1858). Apesar de se referir às "estradas" de Portugal no ano de 1858, este texto descreve muito bem a realidade que este pequeno filme nos mostra, mais de 50 anos depois. São imagens de várias "estradas" de Portugal que davam acesso à vila piscatória de Peniche. Como disse René Descartes, quando
gastamos tempo demais a viajar, tornamo-nos estrangeiros no nosso próprio país. Felizmente hoje Portugal tornou-se pequeno, com as autoestradas e vias rápidas que ligam as principais cidades portuguesas, mas é bom lembrar o quão estrangeiros se deviam sentir os nossos avós no seu próprio país!
Concordo com a estruturação de um território através de correctas infraestruturas viárias. Acho-o fundamental, também para não nos sentirmos estrangeiros no nosso próprio país. Mas percebo que houve pouco critério nalgumas destas estradas e, esse facto, contribui para que paguemos uma factura demasiado elevada para as nossas possibilidades. Faltou bom-senso. Que pena.
ResponderEliminarToni
Como disse a Calçada da Miquinhas num post anterior,que falta que nos faz o bom senso...
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