
Ninguém se esquece da tão célebre frase de Vasco Santana, no filme "O Pátio das Cantigas" chapéus, há muitos seu palerma! E era verdade...mas actualmente a frase já não é tão verdadeira, e devia ser substituída por chapéus...havia muitos! De facto actualmente o chapéu caiu em desuso e são as mulheres que mais o utilizam como complemento de um traje formal ou de cerimónia. No dia a dia o chapéu não é usado! A palavra chapéu, deriva das palavras latinas caput (cabeça) e capellus (capuz), e posteriormente da antiga palavra francesa chapel mais recentemente chapeau. Inicialmente o chapéu surgiu como protecção da cabeça contra as adversidades do clima: chuva, frio, vento e sol. Na pré-história, teriam o formato de um gorro feito de peles de animais e eram privilégio dos homens responsáveis pela defesa da tribo ou do clã. Também poderiam ser de tecido, conhecidos como turbantes, já se conhecendo a sua existência no ano 4500 aC. Há cerca de 3000 aC, na Mesopotâmia surgem os chapéus que são uma mistura de capuz com elmo, que se foram aprimorando ao longo dos séculos transformando-se rapidamente num adereço de status social, militar e sacerdotal do antigo Egipto. A primeira representação conhecida de um chapéu, surgiu numa pintura num túmulo de Thebes, onde estava retratado um trabalhador com um chapéu de palha. No entanto é na Grécia Antiga que aparece num formato mais semelhante ao actual, contendo as partes principais do adorno e não sendo apenas uma tira a proteger a cabeça. Denominado de Pétaso grego teve origem no século IV, assim como o Píleo que era a versão sem abas. Para os Romanos, Pétaso foi substituído pela palavra latina capucho, tendo dado origem ao capacete. Coroa, mitra, elmo, capacete ou chapéu tudo tem a função de proteger a cabeça, mas com significados diferentes. O chapéu deixou de ser apenas um objecto útil e passou a ser um símbolo social e de poder. Na Roma antiga, em 1000aC, os escravos não podiam usar qualquer tipo de chapéu, e quando conseguiam a carta de alforria, usavam um pequeno chapéu semelhante ao barrete, como sinal da sua liberdade. Este tipo de barrete foi posteriormente relembrado pelos Franceses Republicanos que utilizavam os bonnet rouge como símbolo da sua luta, na Revolução Francesa. Os chapéus existem por causa da necessidade, mesmo que simbólica, de preservar a parte mais nobre do Homem: a cabeça, e portanto o pensamento(1). Tapar e proteger a cabeça é de facto um costume ancestral.

Ao longo dos tempos o chapéu foi-se tornando peça imprescindível do vestuário, e ultrapassou em muito o seu papel de protecção, tornando-se um utensílio de moda. Raro era o homem que saía de casa sem o seu chapéu e rara era a mulher de alto estatuto social que se apresentava sem o seu adorno de cabeça. Era também uma forma de comunicar: o tirar de um chapéu era sinal de respeito e também reconhecimento de superioridade social. Existem imensos tipos de chapéus, de diferentes tamanhos e feitios:
- Chapéu de coco, assim denominado por ter sido encomendado no século XIX, por um aristocrata inglês de nome Coke, que pretendia ter um chapéu mais pequeno e resistente, de forma a que pudesse caçar a raposa, sem que estivesse sempre a perder o seu chapéu, por embater nos ramos das árvores. Tornou-se símbolo da cultura urbana inglesa.
- Chapéu Panamá, que apesar do nome tem origem no Equador. Feito de palha, deve a sua popularidade ao presidente Theodore Roosevelt, que recebeu um como oferta, durante a inauguração do Canal do Panamá, e ignorando a sua origem, o denominou de chapéu do Panamá.
- Chapéu borsalino, de origem italiana, ficou com o nome do seu criador Giuseppe Borsalino, e surgiu em 1856 em França. É o típico chapéu masculino de feltro.
- Cartola ou originalmente chamado chapéu alto
- Boné, ainda muito utilizado pelas camadas mais jovens, surge de uma alteração da palavra francesa bonnet, que tem origem no latim obunnis (espécie de capa)
- Boina, muito utilizado em climas mais frios, o seu nome é de origem basca, e provem da palavra francesa bonnet


(1) A. Colonetti, G.Sassi M. M. Sigiani, Cosa ti sei messo in teste, Mazzotta, Milan 1991
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