Normalmente jogado após um dia de trabalho, altura em que os homens se reuniam para confraternizar, rapidamente se tornou num momento de divertimento e companheirismo. Eram usadas peças rudimentares como pedras, ferraduras, pedaços de ferro que variavam de tamanho e formato. Os pinos ou fitos não tinham um tamanho certo e tudo servia para jogar. Em Portugal o jogo da Malha, varia de região para região, no tamanho da malha, na distância a que é colocado o fito ou o pino e até na forma como são contabilizados os pontos. Alguns jogam com pedras, outros com moedas e outros ainda com malhas de ferro feitas propositadamente para o desafio popular. Formando equipas de dois elementos, o objectivo final é derrubar o pino (fito) ou pelo menos colocar o mais perto possível as malhas, somando os pontos obtidos ao longo do jogo. Mantendo constantes as regras de base, a este tradicional jogo português adapta-se muito bem o ditado cada terra com o seu uso, cada roca com o seu fuso. Actualmente o jogo da malha, tal como todos os outros jogos tradicionais, está a cair no esquecimento. Dominados pelo mundo tecnológico, pelo correr dos ponteiros do relógio e isolados em altos condomínios fechados, os momentos de confraternização, de partilha e de camaradagem entre os homens ditos modernos escasseiam. Momentos como os descritos no poema de António Cabral cada vez são mais raros, mas pelo menos ficam na memória e registados em palavras para as gerações vindouras.
Na minha aldeia aos domingos de tarde, os homens jogam o fito,
Em frente a cada taberna, há um ou dois grupos, e ao lado os assistentes de olhos moles (...)
O fito é um jogo como outro qualquer: inútil! (...)
Mas é um jogo, e por isso, um meio de afugentar o tédio durante algumas horas.
- Seis! Só um ponto parceiro...A...í! Morreu!
Os vencedores correm um para o outro, abraçam-se. E ao erguerem os copos de vinho, sentem a alma tão cheia como qualquer campeão de qualquer coisa, em qualquer parte do mundo
(António Cabral, Poemas Durienses)
Quem sabe se num futuro próximo as agendas electrónicas, os telemóveis de 4ªgeração, os iphones, os ipods, os tablets, ferramentas de um mundo que tem tanto de global como de isolador, se possam colocar por momentos de lado, e nos permitam confraternizar e socializar em presença física de forma a podermos dizer que afinal a tradição ainda é o que era!!
Interessante! Por coincidência, uma amiga minha inglesa tirou fotos da variante do jogo no Alentejo e perguntou -me o nome do jogo. Achei-o parecido com o jogo da malha, que conheço, do norte, mas não tinha a certeza. Não conhecia os nomes e variantes existentes.
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EliminarObrigada pela sua mensagem. As tradições portuguesas são tão ricas mas ao mesmo tempo tão desconhecidas... É tão bom poder trazer para o presente coisas por vezes pouco lembradas ou quase esquecidas!
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