Senso Comum num grau incomum é
o que o Mundo chama de Sabedoria (Coleridge, Samuel). A expressão
senso comum designa um conjunto de saberes e opiniões que uma determinada
comunidade acumulou no decorrer do seu desenvolvimento. É um tipo de
conhecimento que se acumula no nosso quotidiano e se baseia na tentativa e
erro. É o senso comum que nos permite sentir uma realidade menos detalhada,
menos profunda e imediata e vai do hábito de realizar um comportamento até à
tradição que, quando instalada, passa de geração para geração. É um acto de
agir e pensar que tem profundas raízes culturais e sociais. Esse saber comum
constitui um património que herdamos das gerações anteriores e que partilhamos
com todos os indivíduos da comunidade a que pertencemos. Os princípios do
senso comuns são os chamados princípios imediatamente conhecidos de
toda a gente: de identidade e não contradição, de razão suficiente, de
causalidade, de finalidade e o primeiro principio básico e prático que manda
fazer o bem e evitar o mal. Ou seja o princípio da sobrevivência! Esta
herança cultural que constitui o senso comum manifesta-se tanto em relação aos
comportamentos ligados à sobrevivência imediata, o comestível e o não
comestível, o perigo e a segurança, como em relação aos sentimentos e valores
que organizam e situam o desenrolar da vivência dos homens, tais como o belo e
o agradável, o bem e o mal, o justo e o injusto.
O conhecimento vulgar ou
popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento
científico nem pela veracidade nem pela natureza do objecto conhecido: o que os
diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer"
(E. Lakatos). Os provérbios populares são os exemplos vivos do
senso comum, passado de geração em geração: "Espera de teus filhos, o que
a teus pais fizeres"; "Água fervida alimenta a vida";
"Chuva em Janeiro e não frio, dá riqueza no estio";"Cuidados e
caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém"...
A vida moderna, de frenesim
constante, está a deixar o senso comum para trás. As tradições não se passam,
as gerações não convivem e o senso comum está a desaparecer aos poucos.Tudo
está tão formatado, tão complicado que não há espaço para o saber antigo.Não
interessa, não é cientifico, não está regulamentado... Já não se pára para
pensar. Age-se num impulso. Tudo tem que ser resolvido rapidamente, pois tempo
é dinheiro. Já não sabemos fazer nada sem recorrer a especialistas. Não
resolvemos nenhuma situação sem pedir uma opinião; não tratamos uma pequena
maleita de um filho sem recorrer ao hospital. O medo de falhar, de errar, de
parecer mal perante a sociedade é tão grande e está tão incutido em nós que é
melhor que a culpa seja de outrem se alguma coisa correr mal. Nada de correr
riscos...Não vale a pena fazer um esforço e deixar a natureza humana mostrar a
sabedoria. Como diz o ditado popular "quem mal entende, mal conta" e
quando a tradição não é entendida e apreendida, não pode ser ensinada!
Tens razão, Isabel. O senso é, cada vez menos, comum. Apesar da globalização do "gosto". Porque este é,como dizes, cada vez mais um produto do impulso e menos objecto de reflexão.
ResponderEliminarContinua a "blogar" sobre este e outros quejandos. Estou a apreciar, a degustar.
Toni
Obrigada!!
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