A história do brinquedo, é uma história que acompanha o Homem. Em todos os tempos, para todos os povos, os brinquedos evocam as mais sublimes lembranças. Os brinquedos são objectos mágicos, que vão passando de geração em geração, com o incrível poder de encantar crianças e adultos (Velasco, 1966). O brinquedo, de uma forma bem diferente do jogo, implica que exista uma relação intima com a criança, não havendo regras pré-definidas para a sua utilização. A criança é que determina a sua função e como o vai usar. Desde os tempos mais remotos, as crianças brincam! A primeira referência ao brinquedo data de 6500 anos atrás no Japão, com a criação de bolas de fibra de bambu, produzidas propositadamente para as crianças poderem brincar. Há cerca de 3000 anos foram criados os primeiros piões na Babilónia, feitos de argila e decorados com cores. Os famosos soldadinhos de chumbo surgiram no século XIII, mas apenas para simular técnicas de batalha, e só mais tarde foram popularizados entre as crianças de famílias nobres.As primeiras caixas de música surgem apenas no século XVIII criados por relojoeiros suiços. Desde tempos imemoriais, as crianças brincaram com os mais diversos brinquedos: bolinhas de gude foram utilizados por crianças africanas há milhares de anos; na Grécia antiga ou no Império Romano, os brinquedos mais comuns eram a bola, barquinhos e espadas de madeira entre os meninos, e bonecas de pano entre as meninas; na Idade Média, o fantoche tornou-se muito popular. Até ao final do século XIX os brinquedos eram fabricados em casa, ou fabricados artesanalmente. Com a Industrialização tudo mudou, e os brinquedos passaram a ser produzidos em massa dentro de fábricas, longe dos olhares das crianças.
Mas não podemos ver o brinquedo apenas como um objecto! O brinquedo é uma oportunidade de desenvolvimento. Brincando a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e do autoconhecimento. Promove a socialização e a descoberta do mundo! Ao brincar a criança diverte-se, faz exercício, constrói o seu conhecimento do meio que a rodeia e aprende a conviver. Para uma criança a brincadeira gira muitas vezes em torno da espontaneidade e da imaginação: para surgir basta apenas uma bola, um risco no chão, um papel com uma forma engraçada, um espaço aberto para correr.Mas se pensam que o brinquedo é apenas um objecto sólido, estão enganados! O brinquedo é tudo! Desde o nascimento, os bebés "brincam" com tudo aquilo que os rodeia: a cara e a voz dos pais, o aconchego, o toque...são as brincadeiras sócio-afectivas, nas quais os lactentes obtêm prazer nos relacionamentos com as pessoas que os rodeia, e aprendem a provocar emoções e respostas como os seus sorrisos e balbuciando pequenos sons. Também a luz e a cor, os sons, os sabores e odores do ambiente que os rodeia, o seu próprio corpo são vistos como brinquedos. Atraem a atenção da criança, estimulam os seus sentidos e dão-lhe prazer. A repetição constante de uma mesma acção é o desenvolvimento da habilidade para brincar . Nesta altura tudo é brinquedo: os alimentos, a água, a roupa...a criança descobre o seu mundo brincando! As próprias pessoas que com elas interagem são "brinquedos": surge a imitação dos pais, as tarefas feitas por eles e pelas pessoas de referencia são imitadas ao pormenor: utilizar o telefone, guiar um carro, adormecer uma boneca, ralhar à boneca, cozinhar...com a imitação, a dramatização dos acontecimentos diários as crianças aprendem e praticam os papéis e identidade modelados pelos membros da família, interagindo assim com o mundo que as rodeia. À medida que vai crescendo os brinquedos mudam, e passam a focar-se mais em objectos brinquedo: carros, bolas, bonecas e toda uma panóplia de opções que existem no mercado.
Actualmente o brinquedo mais comum é o computador e os seus jogos, as playstations e os telemóveis. Tudo é interactivo, tudo é mágico. A imaginação da criança está toldada. Já não precisa de imaginar, tudo está imaginado por ela. Já não precisa de descobrir, tudo já foi descoberto. Se a brincadeira é descoberta, se o brinquedo ajuda a desenvolver competências e a explorar o mundo, se a deversidade de estímulos e de brinquedos estimula o desenvolvimento da relação da criança com o mundo externo, formando a personalidade, formando conceitos, seleccionado ideias, estabelecendo relações lógicas, integrando percepções e mais importante que tudo socializando, como serão as crianças de amanhã?
Sem comentários:
Enviar um comentário