Dinheiro é uma
palavra sobejamente conhecida no mundo actual. Toda a gente sabe o
que é o dinheiro e qual a sua importância nas sociedades capitalistas e
consumistas actuais. Tempo é dinheiro e quando até o
tempo é avaliado por este metal, nada mais é necessário acrescentar! Mas
nem sempre foi assim. Houveram tempos em que não existia dinheiro! Estranho mas
verdade. O Homem conseguia viver sem dinheiro.
Inicialmente o comércio baseava-se na troca directa de bens, o escambo.
Inicialmente o comércio baseava-se na troca directa de bens, o escambo.
O sistema de escambo visava
suprir as necessidades, sem comparação de valores materiais.O que era era
excedente para uns era trocado pelo que sobrava a outros, sem haver avaliação
do mercadoria transaccionada. A necessidade ditava a troca. Esta forma de
comércio elementar foi dominante nas primeiras civilizações e ainda hoje é
utilizada nas tribos mais isoladas. Hoje as crianças ainda utilizam este tipo
de comércio, trocando brinquedos, cromos e revistas entre elas, sem recorrer a
valores monetários. No entanto algumas mercadorias começaram a ter mais procura
do que outras, passando assim a ter mais valor para a troca. O factor valor introduziu-se
no comércio de bens e alterou todo o sistema até então utilizado. Surgiram
assim as moedas-mercadoria: os metais, as cabeças de gado e o sal foram as
primeiras moedas-mercadoria conhecidas, e as duas últimas deixaram uma marca permanente
no vocabulário comercial que chegou até nós. Pecus, a palavra
latina para gado deu origem às palavras pecúnia, que significa dinheiro, e
pecúlio que é o dinheiro acumulado; Capita que significa
cabeça, originou a palavra sobejamente conhecida capital (património); a
palavra salário provém do facto de na antiga Roma o sal ser utilizado para
pagar serviços prestados. A valorização cada vez maior dos metais, fez com que
se começasse a utilizar pequenos objectos de metal como instrumentos valiosos
de troca. No século VII aC surgem na Lídia, cidade-estado da Ásia
Menor, as primeiras moedas semelhantes às actuais: pequenas peças em
metal, com peso e valor determinado e com cunho oficial como garante do seu
valor. O local onde se cunhavam as moedas na Roma Antiga, situava-se junto
ao templo da Deusa Juno Moneta, e encontrava-se sob a sua protecção. Em sua
homenagem os discos redondos de metal aí produzidos chamaram-se monetas, que
deu origem à palavra moeda. A passagem de uma economia de
troca para uma economia monetária transformou progressivamente as actividades e
comportamentos humanos (A Enciclopédia, volume 14, Verbo-Jornal
Público). Nada voltou a ser igual e aos poucos o valor da moeda foi ganhando
terreno e controlando todo a economia e todas as transacções. Todas as sociedades, independentemente da sua origem, começaram a cunhar as suas próprias moedas e a utilizá-las como base para todas as trocas comerciais.
O reino de Portugal, reconhecido por bula papal de Alexandre III em 1179, teve como primeiras moedas cunhadas por Afonso Henriques, o Dinheiro (acredita-se que a origem da palavra dinheiro actualmente utilizada deriva do nome desta moeda) e a Mealha (que deu origem à palavra mealheiro) que valia 1/2 Dinheiro. Doze moedas de dinheiro valiam um soldo (antiga moeda romana) e vinte soldos equivaliam a uma libra romana (unidade monetária baseada na prata, que valia originalmente 0,33kg de prata). Foram cunhadas ainda algumas moedas de ouro, os Morabitinos que no reinado de D.Sancho I valiam 180 dinheiros. O dinheiro foi utilizado no reino de Portugal desde o século XII até perto de 1430, altura em que D. Duarte o substituiu definitivamente pela moeda de nome Real. Os reais começaram a ser introduzidos por D.Fernando I em 1380, como uma moeda de prata que valia 120 dinheiros; no reinado de D.João I foram cunhados duas moedas de Real: o real branco que correspondia a 840 dinheiros (3 libras e meia) e o real preto que apenas valia um décimo do branco.
Mas foi com D.Duarte que a moeda real se tornou na unidade base de Portugal. O real, no plural reais, que se popularizou rapidamente como réis, foi a moeda utilizada oficialmente em Portugal desde 1430 até 1911, tendo sido também utilizada em todas as colónias portuguesas.
Em 1847 o Banco de Portugal emitiu as primeiras notas e foi criado o sistema decimal para denominar as moedas de réis. O padrão monetário base instituído era de 1000 réis (mil-réis); um milhão de réis passou a ser designado por um conto de réis.
Em 1911, com a implantação da Republica, o real foi substituído pelo escudo, cujo símbolo era o $. No entanto a designação de conto de réis sobreviveu à introdução da nova moeda, sendo sinónimo de mil escudos. A moeda escudo foi a unidade monetária de Portugal até ao ano de 2002, quando foi substituída pela moeda europeia de nome euro. Um euro equivale a 200,482 escudos e é actualmente a moeda oficial da Republica Portuguesa, sendo usada por todos os países pertencentes à Comunidade Europeia, que adoptaram a moeda única.
Os anos passaram, o nome das moedas mudou. Mas o certo é que os nomes das diferentes unidades monetárias que Portugal teve, mantêm-se na memória dos portugueses. Ainda me lembro de ouvir a minha avô dizer aos clientes da sua mercearia que determinada mercadoria custava cem mil réis ou que outra tinha o valor de um conto de réis. Eu própria dou por mim a passar os euros para escudos, penso em escudos e ainda acrescento os contos na minha contabilidade mental. A nossa memória é uma artimanha fantástica e mesmo com todas as mudanças que surgem à nossa volta, mantemos bem guardadas as nossas recordações cheias de história. Um cacique (chefe indígena americano) quando foi questionado sobre se não sentia necessidade de possuir dinheiro para manter a sobrevivência da sua tribo respondeu: A natureza não vai fugir. Ela alimentou o avô do meu avô e o meu pai e irá alimentar o meu filho e o filho do meu filho. Não necessitamos de acumular coisas. Porque é que fazem isso? Não lhe sei responder...
Nota: As fotografias utilizadas foram retiradas de www.forum-numismatica.com e www.numisgaia.com
Sempre a fazer-nos pensar...
ResponderEliminarObrigada!
Leitura que enriquece, sempre apetece! Muito bom !
ResponderEliminarExcelente!
ResponderEliminarMuito obrigada!!
ResponderEliminargood posting about O nome do dinheiro
ResponderEliminarThank you!
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